Antes de vocês lerem quero dizer obrigada Jane, por dividir conosco sua história. Obrigada, por me fazer melhor, melhor ser humano e melhor profissional. Nenhuma faculdade vai nós ensinar o que vocês mães trazem na vivência diária. A gente precisa caminhar junto, escola e família, o resultado será o sucesso de nossas crianças.
Oi Jane, nós estamos nos extremos da vida do seu filho, agora dos seus filhos. Eu preciso aprender com você. Eu preciso sentir o que você sente. Eu preciso que você confie em mim!

Jane, Qual a sensação que teve quando recebeu o diagnóstico de autismo do seu filho?

A sensação de receber o diagnóstico do Kadu foi inacreditável, nunca imaginei que ele pudesse estar no TEA (transtorno do espectro autista), porque como a grande maioria das pessoas naquela época tinha uma visão totalmente diferente do autismo. A sensação de receber o diagnóstico do Rafael, foi um choque, porque apesar de desconfiar que tinha alguma coisa errada com o desenvolvimento dele, eu como mãe tinha uma visão totalmente diferente das profissionais que estiveram com ele.

Você acredita que o mundo está preparado para incluir um autista?

Claro que não, o ser humano ainda tem que evoluir muito para que possam olhar com o coração para pessoas autistas.

Sua luta é diária, de onde vem seu apoio?

Sim, a luta é diária, meu apoio vem de outras mães, de outros autistas, de alguns profissionais que caminham lado a lado comigo.

Mais uma pergunta. O que você espera da professora que vai acolher seu filho. O que você espera de nós?

Eu espero que no futuro os olhares de preconceito transformem em olhares de amor, espero inclusão de qualidade e verdadeira, e que todas as crianças com qualquer tipo de transtorno tenham acesso o quanto antes ao diagnóstico e as terapias pois, isso faz toda a diferença.
Eu espero que toda escola tenha o prazer de ter pelo menos um autista entre seus alunos, acredite eles tem muito a ensinar!
E que estas escolas sejam verdadeiramente inclusivas e que trabalhem junto com as famílias porque isso é o que tem de mais importante.
Sobre as professoras que já receberam meus filhos e as que ainda vão receber, espero que vocês tenham o olhar que uma mãe teria porque é preciso amor e paciência, também espero o profissionalismo para entender que muitas vezes eles não vão conseguir, vão se balançar, vão querer caminhar, vão fazer barulhos estranhos com a boca e movimentos repetitivos com os braços ou mãos, mas acredite isso é a maneira que eles encontram de se acalmar.
Espero parceria sempre entre escola e família.
Porém, acredito muito mais na intimidade entre aluno, professora e Mãe.

Obrigada Jane, obrigada por me ensinar que mais que toda teoria pedagógica o amor deve prevalecer. Eu gosto bastante daquela música que diz assim: amorzinho, vamos fazer assim, eu cuido de você e você cuida de mim. Juntos podemos construir uma educação inclusiva, juntos podemos construir uma educação para todos. Vocês mães tenham certeza que nós Professores amamos seus filhos, não tem como explicar a gente apenas sente. E precisamos de vocês para fazermos de nossa escola um espaço de inclusão, onde todos sejam bem vindos em suas especificidades. Ninguém é igual a ninguém!